Em entrevista ao Metrópoles o embaixador do Japão no Brasil, Hayashi Teiji, explicou os detalhes do acordo. Segundo ele, a medida representa um avanço nas relações bilaterais entre os países, além de garantir fluxo maior de turistas japoneses e brasileiros.
Em 2019, antes da pandemia da Covid-19, o Japão recebeu cerca de 50 mil brasileiros. Contudo, o embaixador considera o número pequeno, tendo em vista a quantidade de japoneses que vivem no Brasil.
Segundo o chefe da missão diplomática, 2 milhões de pessoas fazem parte da comunidade japonesa (cidadãos e descendentes) em território brasileiro. Outros 200 mil brasileiros vivem no Japão. A expectativa é de que as visitas de familiares também aumentem.
“Esperamos mais visitas, intercâmbios nos vários setores, sobretudo no turismo”, disse o embaixador.
Assista a trechos:
Com o entendimento comum entre as nações, o procedimento para japoneses e brasileiros foi facilitado. Basta comprar a passagem e viajar com o passaporte em mãos para entrar no país. Vale lembrar que o visto de emergência não vale nesses casos, pois ele não tem o chip necessário para identificação do visitante no Japão.
“Não é complicado. Não precisa visitar a Embaixada do Japão. Só com seu passaporte efetivo você pode visitar o Japão sem visto”, afirmou Hayashi Teiji.
O embaixador lembrou ainda que o Japão tem diversos pontos de interesse dos brasileiros. Ressaltou a culinária, os mangás (histórias em quadrinhos), animes, as cerejeiras e, acredite, samba: “Em Tóquio, temos um festival de samba que recebe meio milhão de visitantes”.
Assista à entrevista na íntegra:
No primeiro semestre deste ano, o governo brasileiro anunciou que retomaria a exigência de vistos de turistas do Japão, dos Estados Unidos, da Austrália e do Canadá a partir de 1º de outubro. A medida só não entraria em vigor caso os países garantissem a reciprocidade, ou seja, que os cidadãos brasileiros também fossem contemplados.
Em abril, o Metrópoles noticiou que os governos brasileiro e japonês estavam negociando a retomada da isenção de vistos. No mês seguinte, durante a visita oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Japão, o primeiro-ministro Fumio Kishida afirmou que o país iniciaria os procedimentos para colocar a medida em prática.
Com a movimentação do país, o governo brasileiro se mobilizou para adotar medida semelhante, com base no princípio da reciprocidade. Historicamente, o Brasil não concede isenção unilateral de vistos de visita, sem reciprocidade, a outras nações.
Dispensa de visto
A dispensa de visto para turistas de Estados Unidos, Canadá, Austrália e Japão foi adotada em 2019, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), de forma inédita. Na época, porém, o governo afirmou que a medida não prejudicava o princípio de reciprocidade, pois a dispensa teria sido adotada com o objetivo de incentivar a geração de emprego e renda no Brasil.
“A isenção do visto de forma unilateral é um aceno que fazemos para países estratégicos no sentido de estreitar as nossas relações. Nada impede que essas nações isentem os brasileiros dessa burocracia num segundo momento”, informou o Ministério do Turismo na época.
Decisão similar foi adotada durante o governo de Dilma Rousseff (PT), mas vigorou apenas durante as Olimpíadas de 2016. Para a ocasião, Dilma autorizou que cidadãos dos quatro países fossem dispensados do visto, desde que viessem ao país para assistir ao evento esportivo.
Dois anos depois, o Ministério do Turismo chegou a propor o fim da exigência de visto de maneira definitiva, mas o Itamaraty se manifestou de forma contrária, sob o argumento de que deveria prevalecer o princípio da reciprocidade.
O Ministério das Relações Exteriores chegou a citar uma medida adotada em 2017 pelo então presidente dos EUA, Donald Trump, que editou um decreto dificultando a concessão de visto a cidadãos de diversos países, entre eles o Brasil.